sábado, fevereiro 06, 2010

Coragem.


Um coração fechado para o Amor nada mais é do que uma opção por não viver, por se ausentar da luta, das oportunidades, dos riscos inerentes, das dores e das alegrias, enfim do movimento que anima a alma.

Diana Esnero

Madrugada de muito calor


Madrugada de muito calor. Perto do fim de 2005. E eu a brigar pelo sono. Cansada de tentar inutilmente, liguei a TV e assisti no Programa do Jô, a entrevista do cineasta Miguel Faria Jr. falando sobre o seu filme “Vinícius”.

A entrevista corria de forma agradável quando ele disse algo que mexeu comigo e eclodiu uma série de pensamentos, idéias que têm me angustiado. Foi no exato momento em que ambos falavam sobre a maneira de ser do falecido poeta. O cineasta disse que Vinícius de Moraes era um ser humano tão generoso que não suportaria viver nos dias atuais, onde o pragmatismo, o toma-lá-dá-cá, enfim, os jogos de interesses dominam as relações pessoais e não há mais lugar para alguém tão desprendido em seus sentimentos!

Por que tantos se preocupam com essa mudança no comportamento das pessoas, especialmente do brasileiro, antes tão cordial, muito se escreve e se fala, sejam as pessoas públicas ou não e cada vez mais se está solitário seja a dois, a três, ou na multidão?

Até mesmo dentro dos grupos dos quais fazemos parte, dificilmente abrimos a nossa guarda de forma completa. Gente, mesmo na relação a dois há tanto escamoteamento! Quantas e quantas vezes para não deixarmos de ser dois anulamos o nosso um?

Ser generoso virou sinônimo de idiota, literalmente. Estabelecem-se padrões de comportamento importados de outras culturas socialmente distantes da nossa, com formações tão díspares e aqueles que possuem poder e controle as introduzem de forma direta ou subliminar.

Tenho lido algumas reportagens na mídia impressa e em sites de recrutamento de pessoal, que me deixam chocada com as declarações de alguns dos “eleitos”, selecionados entre milhares de jovens. Gabam-se especialmente da “esperteza”, da “habilidade” de se dominar as emoções, de se obter as informações desejadas e adequadas, seja por via de pesquisa pessoal ou de meios pessoais de conhecimento. Assim, imagino que alguém, mesmo com um currículo escolar brilhante, mas sem as artimanhas e “manhas”, não se sairá bem ou talvez possa passar batido no meio da massa.

E a discussão perpassa por muitas vertentes de relacionamento pessoal. Na escola, na faculdade, no local de trabalho, nos meios de lazer coletivo ou grupal, há tantos que se despem de si e “vestem” as roupagens adequadas à ocasião ou local.

Esse receio de apresentar-se com a própria pele sem qualquer vestimenta social atinge a quase todos, raras são as pessoas que se apresentam "ao natural" e quando isso ocorre, gera logo a desconfiança ou então a interpretação de que algo está fora da "ordem mental".

Por que dói tanto assim sermos nós mesmos?

Diana Esnero

Seguindo


A cada dia o seu preço de estar vivendo e se mantendo obrigatoriamente consciente,
A cada responsabilidade inadiável e intransmissível, a reflexão-constatação de não poder negá-las,
A cada luta diária, a esperança de que dias diversos e mais felizes serão presentes e presente,
Viver é pagar um preço, não é somente escrever um script descompromissado,
Afinal escrevemos esses roteiros sozinhos ou não? Até que ponto a grande mão nos alcança?
As horas passam lentas e difíceis, incompreensíveis ao senso crítico da simples observação,
Não entanto, as horas também passam aceleradas até demais nos momentos de puro prazer e deleite,
Como é difícil sonhar, manter o equilíbrio das condutas opostas, necessário ao fluir da vida,
Estar preso a viver o possível e manter intenso o desejo tão intenso no pouco tempo para sonhar...
Um exercício de absoluta convicção para não perder a coerência em cada passo, em cada surpresa do caminho,
Pois não se pode permitir a instalação da revolta que tanto embrutece, muito menos a autopiedade assimilada das culturas herdadas,
Lutando bravamente, vivendo na e da esperança que não pode ser quimera e muito menos justificativa,
As circunstâncias dos caminhos são várias, impedidoras, afastam as liberdades de ser, só a tolice ou a maldade as ignoram,
E assim correm e se arrastam os dias, um de cada vez, nenhuma vez em cada um, lentos e tediosos, momentos de exceção tão fugazes...

Diana Esnero

ESPERA


Teu caminho nunca foi sem volta
Eu sempre soube assim. O que fazer?
Palavras soltas, ditas como verdades em despedidas vazias,
Em todos os seus sons e conteúdos banais,
Soaram vãs, perdidas, sem foco, sorrateiras.
Tentativa infeliz de sair vencedor em jogo jamais jogado ou aceito a dois.
Tu, sozinho em seu show particular, inútil tentativa de elaborar o sentimento,
Decifrar o enigma que nos fez juntos.
Impossível tarefa, eu já previa desde aquele momento.
Será que valeu a tentativa, mais uma, de fuga, sem êxito?
Angustiante conviver com a estática fria da realidade,
Que escancara as verdades não admitidas, diante de nós.
No entanto, agora eu não sou mais o que era,
Os planetas, em atividade lúdica não prevista, se moveram, repentinamente...
Os mares se agitaram em rebeldia incomum...
E a placidez da razão, mesmo com os frutos da experiência,
Essa presente e não convidada, corta-prazeres, a razão...
Neste exato momento te diz solenemente: não!
Espera bem calmo agora,
Quem sabe tua raiz finalmente se fortifique?
E frutifique de ânsias e questionamentos enfim válidos!
Minhas luzes estão dispersas, há nuvens e obstruções.
Preciso das fagulhas, do estopim, da explosão da paixão dominando a carne,
Retornar ao ponto de partida, às vontades no tempo em que não exercidas e apenas imaginadas...
Sem as mágoas, sem as palavras, apenas o abandono doce e sofrido dessa paixão,
Mesmo que apenas nas lembranças que teimam em surgir sem avisar...
Espera, apenas, espera...

Diana Esnero

Consentimento e armadilhas

O teu mal é julgar que sempre vences, que predominas e dominas,
De forma plena e contínua todos os meus desejos,
Meia verdade ou verdade inteira, tu conheces os meus atalhos, todas as curvas...
Do  meu prazer e da cura de minhas inquietações...
Tu contas com a minha retidão e o meu pensar,
Que te dão a segurança para saber que eu jamais ousaria,
Buscar ou pelo menos tentar em outros caminhos  estranhos.
Falta-me ousadia, vontade ou coragem? Não sei dizer...
E assim me acomodo no teu jogo, no teu tear esperto e certeiro,
No qual me envolves a cada dia, com a tua magia aperfeiçoada
Observas-me detidamente...
Sabes cada traçado meu, cria novos...
Tornas-me adicta em querer tuas vontades...
Como se fossem minhas...
Um menino, um homem, um mágico manipulador de minhas sensações!
Diana Esnero

PALAVRAS


Você,
Olhares,
PALAVRAS,
Doçura,
Envolvimento,
Carinhos,
Abraços,
 Beijos,
Amor,
Loucuras,
Paixão,
Excitação,
Gozo,
Êxtase,
Dormência,
Relaxamento...
PALAVRAS,
Surpresa,
Momento,
Inadequação,
Susto,
Lágrimas,
Desespero,
Inconformismo,
Decepção,
Indignação,
Revolta,
Engano,
Novamente...
Você.

Diana Esnero

DOIS.

Se eu não quero, tu sempre queres, pura e teimosa contradição,
Se eu fraquejo, tu sorris e diz que não tenho jeito, atrapalhada, perdida,
Se eu te procuro, dizes que isso cansa, afasta,  incomoda e desinteressas,
Se não te ligo ou me afasto um pouco de ti, reclamas e desconfias,
Se choro por tuas agressividades, sou criança, imatura e fraca,
No entanto, quando o meu desejo aflora e quero esquecer os nossos desvios,
Tu corres ou emudeces em verdadeiro pânico diante da leoa segura e exigente...
São muitas contradições, poucas ações tuas, muitas palavras, muitos receios,
Mais simples seria apenas deixar o amor conduzir serena e docemente, a princípio,
Calar as expressões que tanto desunem e separam,
Que nos roubam momentos tão preciosos de gozo e paixão,
Vamos ser dois e não eu e tu a duelarmos infantilmente,
Sejamos apenas e tão somente: NÓS!
Diana Esnero

Artesãos da palavra e do sentimento

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!"

FLORBELA ESPANCA

Rio de Janeiro, Maravilha!

Rio de Janeiro, Maravilha!
O sol se pondo e o Morro Dois Irmãos ao fundo! Beleza!

Meu papel de parede!

Meu papel de parede!