Desencanto
Uma decepção inesperada machuca muito mais o ser do que aquela situação em que havia pelo menos uma pequena desconfiança, um temor silencioso e levemente pressentido.
No entanto, sejam nas relações de amizade ou nas de amor, quando nos lançamos com a inteireza de nosso caráter, de nossa dignidade, sem qualquer cautela, aceitando todas as afirmações ouvidas como verdadeiras e espontâneas, correspondendo com atenção e carinho, por que somos descartados de forma sumária, humilhados, inesperadamente, algumas vezes com requintes de crueldade? Ou seja sem nenhuma resposta plausível!
Um homem ou uma mulher não tem o direito de oferecer seu amor ou amizade a outro ser de forma desabrida e absorvente, ser correspondido na mesma intensidade, chegando até mesmo a firmar e propor compromissos sequer pedidos ou mencionados e depois, covardemente, começar a praticar jogos juvenis, típicos de adolescentes em fases de picos hormonais, porém sem a justificativa da idade ainda imatura, aquela em que não se pesam as consequências de atos.
Ninguém é perfeito, estamos todos aprendendo a viver a cada dia. No entanto, não é possível ignorar as lições aprendidas, os atos que resultaram em fracassos pessoais e que também possam ter atingido pessoas ao redor de nós. À medida que caminhamos em nossa existência, experiências vão se sobrepondo e sinalizando ações que devemos evitar ou ter mais cautela.
Não é possível perceber o outro apenas como uma página vazia, com uma história a ser escrita sem maiores consequências ou comprometimentos de ordem moral e ética. Temos o direito de experimentar escrever rascunhos de roteiros em outras vidas, em seres crédulos de nossa investida?