domingo, maio 23, 2010

Intervalos


Intervalos
Há momentos em que as saudades são tão intensas que precisamos de um recolhimento e deixar a alma se acalmar, aquietar-se novamente, bem devagar.
Dar um tempo, abrir um espaço. Afastar uma esteira bem confortável para a necessária e premente maturação. No doce companhia do silêncio.
Permitir com serenidade que a tão esperada racionalidade atue cuidadosa, sem os sobressaltos da dura conformação com as realidades imutáveis que podem nos conduzir à depressão, frustração ou loucura.
São os tempos de muda, em que as aves escondem-se em seus ninhos seguros e esperam, pacientemente, a melhor oportunidade para os novos voos, em direção ao desconhecido outra vez, num exercício de moto-contínuo e inevitável.
É a infalível temporada da cura das dores e feridas que urgem cicatrizar, sobrepor nova pele, nova couraça que as envolvam e as façam terra limpa para outras possíveis novidades.
A vida é assim, desde períodos imemoriais, e não adianta contrariar os ventos e as marés, pois eles são gritos autônomos e fiéis da natureza. Simplesmente não nos obedecem, não subvertem a ordem.
É preciso abrir as aspas e os parênteses das dúvidas que continuamente surgem nas caminhadas, buscar os atalhos e evitar as esquinas quase sempre traiçoeiras.
Restabelecer o contato da mais pura intimidade com os pensamentos, buscar a suavidade, o zelo e, especial e principalmente, aperfeiçoar a vontade de estar pronta para um novo e esperado ciclo.
Diana Esnero

As estacas


Cravastes estacas em meu peito? As dores serão tuas, muito mais do que minhas
Os sonhos e as promessas que me fizestes já não valem mais, efêmeras foram
No entanto são aquelas as palavras que me impulsionam a seguir adiante, longe de ti
Buscas o novo, como se o que tinhas não houvesse sido estreia em tua vida
Antes de mim, eras acomodado e frio, descrente das melhores sensações,
sem forças de luta, um grande homem em busca de sua própria história
Fiz-te meu herói, teu próprio herói, na capacidade que conheceste de ti mesmo, em que nunca acreditaste
Inaugurei tuas fases de sonhos, sacralizamos o nosso amor, ao mesmo tempo éramos e estávamos, desequilíbrio e harmonia, dicotomia
Porém não te inquietes, não fechei as portas para ti, não és meu primeiro naufrágio nos oceanos das paixões ou mesmo amores
Já naveguei por outros mares tão profanos, irreverentes, quase vulgares, já esquecidos
E a todos eles sobrevivi, com marcas fortes, cicatrizes de cortes profundos, que chegaram à raiz
Acostumei-me com os vendavais, aprendi a arte de fazer os sonhos esperarem calmos dentro de mim
Que vergonha é esta agora? Por que te admiras tanto? Podes ir, não coloquei arreios ou amarras em ti
Não tentes entender agora o que está acontecendo, longe de ser generosidade ou ponte, tudo é ambíguo, tudo é a vida
A melhor porção da existência não se perdeu, de mim não parte nenhum odor ácido, os atos febris não foram esquecidos
Aqui não há sequer o aroma de amor perdido, dos atos profanos, das alegrias e hálitos da nossa doce e quente alcova
Estarei aqui, a porta aberta, dançando sem quaisquer pudores aos sons das músicas das paixões, sagradas e profanas
Sem dilemas, sem sofrimento algum, apenas e tão somente te esperando voltar!
Diana Esnero

Dores

Às vezes, a dor é tão profunda, tão pungente e solitária,

que até mesmo as lágrimas se recusam a sentir

e nem mesmo elas vertem o alívio da dor.


Diana Esnero

Artesãos da palavra e do sentimento

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!"

FLORBELA ESPANCA

Rio de Janeiro, Maravilha!

Rio de Janeiro, Maravilha!
O sol se pondo e o Morro Dois Irmãos ao fundo! Beleza!

Meu papel de parede!

Meu papel de parede!