Intervalos
Há momentos em que as saudades são tão intensas que precisamos de um recolhimento e deixar a alma se acalmar, aquietar-se novamente, bem devagar.
Dar um tempo, abrir um espaço. Afastar uma esteira bem confortável para a necessária e premente maturação. No doce companhia do silêncio.
Permitir com serenidade que a tão esperada racionalidade atue cuidadosa, sem os sobressaltos da dura conformação com as realidades imutáveis que podem nos conduzir à depressão, frustração ou loucura.
São os tempos de muda, em que as aves escondem-se em seus ninhos seguros e esperam, pacientemente, a melhor oportunidade para os novos voos, em direção ao desconhecido outra vez, num exercício de moto-contínuo e inevitável.
É a infalível temporada da cura das dores e feridas que urgem cicatrizar, sobrepor nova pele, nova couraça que as envolvam e as façam terra limpa para outras possíveis novidades.
A vida é assim, desde períodos imemoriais, e não adianta contrariar os ventos e as marés, pois eles são gritos autônomos e fiéis da natureza. Simplesmente não nos obedecem, não subvertem a ordem.
É preciso abrir as aspas e os parênteses das dúvidas que continuamente surgem nas caminhadas, buscar os atalhos e evitar as esquinas quase sempre traiçoeiras.
Restabelecer o contato da mais pura intimidade com os pensamentos, buscar a suavidade, o zelo e, especial e principalmente, aperfeiçoar a vontade de estar pronta para um novo e esperado ciclo.
Diana Esnero
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