Um pedaço de mim morre a cada dia com a tua ausência, desde a tua partida
Essa mesma parte de mim chora, grita e os danos são visíveis a olho nu
Sente as dores guardadas nas entranhas, não se satisfaz em sentir apenas os gozos em lembranças
Desespera-se quando o pensamento da razão insiste em demonstrar que não os terá mais
Essa porção de mim quer ver-te novamente meu, por escolha, se é que o fostes algum dia
Teimosamente quer pensar assim, necessita como de ar, não concorda em pensar que foi somente ilusão à toa
No entanto, outra parte de mim, mais realista e sem sonhos, desperta e clama, insistente, quebra meu corpo
E me aponta, com dor, sem dó, como lanças em fogo, que não houve compartilhamento
Atores de uma mesma peça? Não, diz essa voz inclemente, por mais que tenha sido encenada
E tão bem representada, a confundir a visão com o primor dos desempenhos, excelentes, magistrais!
Porém quem administra o querer? Quem domina a vontade de reviver?
Ainda que as personagens tenham sido irreais, apesar dos danos colaterais, das chagas abertas pelo fórceps que usaste
Eu te quero outra vez, para um amor de vida inteira, mesmo que essa vida seja breve
Como saber quanto vai durar a temporada de cada peça, de cada parte de nossas histórias?
Afinal contar os tempos de amor, por quê? Só loucos pela lógica o fazem.
Eu não tenho medo de um sentimento remendado, pois me assusta mais o coração vazio e solitário, carente de amor, sem um canal direto
Paradoxal, posso até ser, incoerente, talvez, mas tão somente quero sentir a vida pulsar e não amortecer.
Preciso pertencer, sofrendo, amando, estarrecendo, todavia, vivendo.
Diana Esnero
Nenhum comentário:
Postar um comentário