Um encontro inesperado e feliz!
Hoje, andando entre apressada e distraída, preocupada com as inúmeras tarefas a serem feitas, eu encontrei um amigo. Isso é comum? Talvez. Mas não foi e nunca será. Sabem aquele amigo que um dia foi tão próximo que chegava a ler seu rosto por inteiro? Do qual você não conseguia (e nem queria) esconder nada? Pois este meu amigo era assim. Falávamos de nossas vidas, anseios, amores, alegrias, decepções, planos, simplesmente de tudo. Por mais secreto que houvesse, a nossa amizade sincera e afetuosa comportava o assunto dentro da maior dignidade. E assim convivemos por vários anos, entre estudos e trabalhos, mas sempre alimentando os laços fortes que nos uniam.
Ambos éramos sonhadores e aprendizes de poetas, ficávamos horas conversando e lendo sobre a Arte, embora nossa formação fosse a Matemática e a Física. Diria que no mundo em que estávamos inseridos, éramos corpos quase estranhos. Meu amigo e eu somos daquelas pessoas que se emocionam com as palavras urdidas no sentimento, na carne, na vida e não admitimos o mundo real sem o componente dos sonhos. A partilha das emoções era quase um ritual de nossa amizade. Dividíamos nossos segredos, as dores e as alegrias das paixões, as boas novas e frustrações dos relacionamentos, as conquistas e dúvidas na vida profissional.
E a lida seguia em frente para nós dois, quando, de repente, surgiu uma oportunidade inesperada, muito atraente e meu amigo querido foi embora do Brasil estudar na Europa, pós-mestrado e doutorado e depois nos EUA, prolongando-se cada vez mais a sua estada fora de nosso país, até que passados vários anos, rareando as cartas e antes da internet no Brasil, perdemos o contato.
Pois hoje nós nos vimos, acidentalmente, cruzando a rua, na travessia entre Av. Almirante Barroso e Av. Graça Aranha, no Rio de Janeiro. O impacto foi tão grande que paramos, os dois, atônitos, feito duas crianças, sem dar conta que o sinal já estava abrindo e as buzinas logo se fizeram ouvir em suas conduções impacientes. Rimos e nos abraçamos, os olhos cheios d’água, surpresos e felizes com aquele resgate imprevisto e feliz. E naquele exato momento sentimos que os quase quinze anos de afastamento não nos modificaram interiormente. Apenas e tão somente nosso revestimento exterior estava diferente.
Escrevo agora, algumas horas depois, ainda emocionada e afortunada, cheia de novidades ouvidas e faladas, entre duas almas que um dia se conectaram pelo que de mais sublime e desinteressado de quaisquer interesses menores existe, a amizade fraterna, a identidade de sonhos e expectativas, exatamente o que liga de maneira mais forte os seres humanos, independente de origem, sexo, raças, credos, opções. Digo que quando você consegue unir essa liga num casamento ou relacionamento, esse se torna imbatível, inatingível, inexpugnável.
Tantos anos depois e falamos de forma desabrida sobre tudo, as minhas experiências e as dele, nossas ilusões e desilusões, erros e acertos. E, ao final, nos despedimos, mesmo sabendo que vai ser difícil nos encontrarmos de novo, pois ele se estabeleceu e formou família fora do Brasil, está aqui apenas para rever parentes e já está de saída. No entanto, a partir de agora, mesmo longe, estaremos juntos, via web e suas ferramentas, unidos de novo, pela eterna poesia que descobrimos contentes, jamais, mesmo com todas as vicissitudes dos caminhos, deixou de habitar em cada um, ao contrário, formou raízes tão sólidas que de nós dois, teremos agora uma enorme árvore de amigos a se aproximarem daqui para frente.
Diana Esnero
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