quinta-feira, abril 01, 2010

Um diálogo primoroso em um livro idem.

Terminei a releitura de um livro excitante: "Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos" de Rubem Fonseca. Interessante verificar como a releitura, agora, num momento maduro da vida, sem a pressa das épocas passadas de dias de muito trabalho, me fez ver o livro de uma forma totalmente diferente. Foi como se o tivesse visto pela primeira vez. Nessa releitura, sorvi cada parágrafo, as frases que se sucediam, diversas vezes, evocavam idéias e lembranças novas, tudo bem original, diferente da primeira vez que o li, anos atrás. Pude ir e voltar, avançar e retroceder páginas, e soou muito mais prazeroso. Um livro em que o suspense nos prende, os fatos ocorrem velozes, mas há momentos de reflexões e diálogos primorosos. Entre tantos, vou destacar aqui um pequeno trecho de diálogo, travado em um restaurante de nome Aschinger, em Berlim, entre a personagem principal do livro, um cineasta, leitor apaixonado por Isaac Bábel, escritor russo, autor de "A Cavalaria Vermelha" e Veronika, uma alemã bela e culta e também apreciadora de Bábel.
"Aqui", disse Veronika, "Bábel ensinou Canetti a olhar insaciavelmente para as pessoas, a entender as pessoas, sem julgar ou condenar."
"O que é essa tese que você mencionou?"
"Neue Empfindsamkeit? A nova sensibilidade."
A responsabilidade social e política, disse Veronika, não devia excluir a sensibilidade, a reflexão do indivíduo sobre si mesmo. A subjetividade não significava necessariamente um escapismo individualista. O que se buscava era um novo tipo de engajamento social, mais amplo, que não anulasse o indivíduo, não o submetesse a condicionantes sociais e políticas, à desumanização da sociedade e do Estado modernos.


Que grande reflexão, um momento em que parei a leitura para conjeturar, isso se fazia necessário. O prazer da leitura é algo indizível. Quantas vezes, em grandes autores, encontramos subsídios para nossas histórias mais particulares? Escrever, quase uma missão, uma seta que percorre e risca um caminho de emoções múltiplas: encantar, despertar, restaurar, encorajar, inspirar!
Diana Esnero

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Artesãos da palavra e do sentimento

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!"

FLORBELA ESPANCA

Rio de Janeiro, Maravilha!

Rio de Janeiro, Maravilha!
O sol se pondo e o Morro Dois Irmãos ao fundo! Beleza!

Meu papel de parede!

Meu papel de parede!