segunda-feira, abril 19, 2010

Somente os tolos refutam as esperanças.

Convite ao chá das cinco

No chá das cinco, a dama chegou e, pouco afeita aos ritos protocolares, revelou-se por inteiro, despindo os véus que a cobriam, puro êxtase.           
O cavalheiro, arrebatado, não queria acreditar no que via. Era tanta beleza e um desprendimento elegante, singelo. Pura classe em luxúria.
Os olhos, cheios de paixão, não conseguiam afastar-se daquela visão fantástica e bela que lhe incentivava a perceber cada vez mais as loucas intenções.
Magia ou delírio, ele nem quis cogitar, não era o momento de acreditar nos receios, nos medos, sequer nas perspectivas.
A mente, no auge da contemplação, sugeria a pura entrega, sem mais hesitações, o banquete estava servido, nada frugal, aromas indescritíveis.
A conspiração que envolvia o momento superava os sonhos, e a dama sorria feliz e tranquila, com aqueles olhos das profundezas, do infinito.
Chegara o instante do encantamento que se materializava ali diante dele, o match-point, o caminho do tie break tão aguardado de emoções, gozos e desejos.
E ele então percebeu que nada mais poderia impedir a explosão que era iminente, o blow up dos sentidos, da entrega generosa e farta, irresistível.
Abandonou-se então, ao ardor, à visão de toda a lateral nua de seu corpo, farto e curvilíneo, insinuando-se através do último véu que restara, súplice, acolhedor.
 Entregou-se de vez, pausadamente a princípio, como um verdadeiro cavalheiro no sorver do chá das cinco, aos poucos se desligando do mundo dos pudores e cautelas.
 Foram dois, foram um, foram tantos naquela dança dionisíaca, o ardor dos corpos em simbiose total, a perdição gostosa e consentida do êxtase, da plenitude.
 Engana-se quem nega e afasta o amor que chega sorrateiro e inesperado. Somente os tolos refutam as esperanças.

Diana Esnero

Um comentário:

  1. Gostei muito da elegância do texto.Lembrou-me por instantes Eça que tanto gosto.
    Parabéns!

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Artesãos da palavra e do sentimento

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!"

FLORBELA ESPANCA

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O sol se pondo e o Morro Dois Irmãos ao fundo! Beleza!

Meu papel de parede!

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