Convite ao chá das cinco
No chá das cinco, a dama chegou e, pouco afeita aos ritos protocolares, revelou-se por inteiro, despindo os véus que a cobriam, puro êxtase.
O cavalheiro, arrebatado, não queria acreditar no que via. Era tanta beleza e um desprendimento elegante, singelo. Pura classe em luxúria.
Os olhos, cheios de paixão, não conseguiam afastar-se daquela visão fantástica e bela que lhe incentivava a perceber cada vez mais as loucas intenções.
Magia ou delírio, ele nem quis cogitar, não era o momento de acreditar nos receios, nos medos, sequer nas perspectivas.
A mente, no auge da contemplação, sugeria a pura entrega, sem mais hesitações, o banquete estava servido, nada frugal, aromas indescritíveis.
A conspiração que envolvia o momento superava os sonhos, e a dama sorria feliz e tranquila, com aqueles olhos das profundezas, do infinito.
Chegara o instante do encantamento que se materializava ali diante dele, o match-point, o caminho do tie break tão aguardado de emoções, gozos e desejos.
E ele então percebeu que nada mais poderia impedir a explosão que era iminente, o blow up dos sentidos, da entrega generosa e farta, irresistível.
Abandonou-se então, ao ardor, à visão de toda a lateral nua de seu corpo, farto e curvilíneo, insinuando-se através do último véu que restara, súplice, acolhedor.
Diana Esnero
Gostei muito da elegância do texto.Lembrou-me por instantes Eça que tanto gosto.
ResponderExcluirParabéns!