Almodóvar
O meu querido amigo e grande poeta Nei Duclós publicou em seu Blog Outubro - http://outubro.blogspot.com/ uma belíssima análise criativa do trabalho deste grande cineasta espanhol sob o título ABRAÇOS PARTIDOS: A GRANDE ARTE DE ALMODÓVAR. Vale a pena conferir no link: http://outubro.blogspot.com/2010/03/abracos-partidos-grande-arte-de.html. A excelência do artigo fez com que eu postasse o seguinte comentário:
Excelente crônica sobre o filme e Almodóvar. Nei, o que acho mais brilhante em Almodóvar é que ele consegue captar e colocar nos seus filmes toda a passionalidade do seu povo. A força com que lidam com as emoções. Coisa que aqui no Brasil desaprendemos, pois ao fazer cinema, poucos se afastam do maniqueísmo. E Almodóvar junta drama, comédia, non sense, perplexidade em apenas um único filme. Sem falar no fato de que, através dos seus filmes, ele criou uma escola de atuação de atores e atrizes que aceitaram o desafio dos seus diálogos e roteiros e se entregaram de alma. Os sucessos extrapolaram a Espanha. A linguagem estética de Almodóvar tem hoje reconhecimento mundial. Mostrou ao mundo que a Espanha é muito mais do que touradas. É um universo complexo de cinco nações que se mesclam, apesar das diferenças.
Sou admiradora do trabalho deste cineasta que construiu uma linguagem própria, especial, de retratar o seu País. Pedro Almodóvar Caballero nasceu em Calzada de Calatrava, em 24 de setembro de 1949. Há controvérsias sobre o ano de nascimento (49, 50, 51?). Em algumas biografias é mencionado o fato de que Almodóvar nunca pôde estudar cinema, pois nem ele nem sua família tinham dinheiro para pagar seus estudos. Almodóvar passou a infância, e grande parte da adolescência, numa região muito pobre. Seu trabalho como vendedor de um mercado de pulgas madrilenho (mudou-se para a capital em 1968), ainda o impossibilitava financeiramente de estudar cinema. Outro obstáculo nessa época era o regime ditatorial de Franco, que fechou as escolas do ramo. Antes de dirigir filmes foi funcionário da companhia telefônica estatal, fez banda desenhada, ator de teatro de vanguarda e cantor de uma banda de rock, da qual participava travestido. Foi o primeiro espanhol a ser indicado ao Oscar de melhor diretor. Seus filmes trazem a temática da sexualidade abordada de maneira sublime. Nunca escondeu sua opção sexual, mas sempre tratou do assunto com extrema delicadeza.
Almodóvar, ao lado do mestre Luis Buñuel – ainda o maior nome do cinema espanhol, falecido em 1983 – e de Carlos Saura, compõe o que de melhor há no cinema espanhol.
É difícil escolher qual é o seu melhor trabalho. Seu primeiro grande sucesso mundial foi o ótimo "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos", indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e que teve seu roteiro (escrito por Almodóvar) premiado no Festival de Veneza e projetou o ator Antonio Banderas. Após o estouro mundial desse filme, o cinema mundial abriu os olhos para os trabalhos anteriores de Almodóvar, onde há jóias preciosas. Por exemplo, "Maus Hábitos", de 1983.
Com certeza, ele ainda nos brindará com outros ótimos filmes e sua singular maestria de interpretar o seu País.
Diana Esnero
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